Sic Notícias, 2 de Outubro de 2010
Obviamente este assunto não se insere no objectivo deste blogue, mas atendendo à situação real do nosso País e à clareza com que FREI FERNANDO VENTURA, a apresenta, entendi tratar-se de algo MUITO SÉRIO, capaz de fazer parar para reflexão, incautos, ou não.
Destaco algumas das frases proferidas por Frei F. Ventura, no decorrer da sua análise político-social:
A desestabilização é muito mais funda, muito mais ampla do que só a nível financeiro.
Nós sempre fomos messiânicos, neste sentido. Sempre esperamos a salvação que vem de fora, de algum lugar; um Sebastião que vem e que vai resolver tudo. Os nossos últimos Sebastiões não têm resolvido nada. Que pena que a Islândia não faça escola, a Islândia que acaba de colocar o 1.º Ministro em tribunal. Não há responsabilização política, e o que nós temos nos nossos líderes políticos são simplesmente jogos de poder, jogos de influência.
Estamos a enfrentar desafios novos, com soluções velhas. Estamos a enfrentar situações terrivelmente complicadas para tantíssima gente, com os mesmos profissionais da política que nos trouxeram até aqui.
Temos demasiados denunciadores, mas não temos anunciadores.
Estamos outra vez com esta espécie de mentira colectiva das Novas Oportunidades. Novas oportunidades de quê? De coisa nenhuma! Vamos dar um canudo às pessoas mas não vamos construir uma consciência cultural, não vamos construir uma consciência social. ... Vivemos na cultura do penacho, das peneiras e dos títulos ... vivemos para a fachada.
Eu acho que se o Bordalo Pinheiro fosse vivo, neste momento a fotografia que faria do País, seria uma barraca de um bairro de lata, com um submarino estacionado à porta. Nós somos o pessoal das barracas, com antena parabólica no tecto. Neste momento temos o País a cair de podre, mas temos um submarino lindíssimo para as visitas verem, porque se calhar também nem temos fundos para o por a navegar.
Nós estamos a montar uma escola que teoricamente e por ironia da estupidez é possível entrar na universidade sem saber ler nem escrever.
É tempo de mudar as estruturas podres que nos conduziram até aqui.
Nós estamos a criar gerações de monstros. Nós estamos a criar gerações de jovens sem memória, gerações de gente sem história e quando a memória e a história não se encontram, nós temos os cataclismos sociais.
A história dos novos e a memória dos velhos não se encontram.
Temos a brincadeira dos cursos técnico-profissionais que também são mais uma fachada do que outra coisa, e temos uma população inteira de gente desqualificada. Nós somos os limpadores do mundo. Os portugueses quando vão para a imigração, costumam ser os limpadores do mundo. Continuamos a despejar caixotes do lixo da Europa e da América do Norte. Não temos formação para mais, se calhar. É tempo de deixar de discutir trocos, mas perdemos tempo a discutir trocos; perdemos tempo a discutir jogos de poder. É tempo da vergonha dos nossos políticos; é o tempo da vergonha da falta de liderança da nossa Terra. Não temos líderes, não temos gente capaz de criar uma consciência nacional. Meteram-nos na cabeça que era pecado termos a história que temos. Temos vergonha da nossa História; crescemos colectivamente sem memória e o destino é sermos comandados pela senhora Merkel
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